quinta-feira, 25 de abril de 2013

Costume de casa vai a praça


        Os genitores são os definidores do gênero dos seus rebentos, infelizmente, desde antes do nascimento. Criança não nasce sabendo, criança cresce aprendendo.


       Se a criança nascer com uma vagina o quarto será cor de rosa, as vestimentas serão cor de rosa, e os brinquedos serão miniaturas de eletrodoméstico, bebezinhos, pra desde cedo "a menina" que venha a torna-se mulher saiba do seu lugar, saiba das suas responsabilidades, obrigações e destino (ser mulher, heterossexual , esposa e mãe), e atrás de um fogão dessa vez não por diversão, se é que brincar com um fogão e liquidificadores inanimados e trocar fraldinha tragam alguma diversão pra uma criança, não poderá questionar, terá que obedecer calada ao lugar machista, passivo e inferior que a sociedade e sua família a colocou. Porque a família não cria mulheres, mas sim donas de lares, empregadas para servir aos seus futuros companheiros, ou melhor dizendo escravas, pois empregadas tem salário, férias remunerada, repouso semanal, já as esposas não repousam, porque o tempo não pára para elas . 
       Já os que nascem com o privilégio de ter um pênis entre as pernas é bem o oposto, esses terão tudo azul, e terão o privilégio de andar sem camisa por onde estiver, e os brinquedos... ah os brinquedos, top de linha, jogos dos mais diversos, desde aqueles que utilizem da lógica ao esforço físico. E são criados vendo sempre mulheres fazendo os afazeres domésticos, e aprende que o homem não faz. Por que homem não faz? Porque é homem é homem, oras! E coisa de mulher homem não faz, talvez por medo de diminuir sua masculinidade.
        E é assim criamos homens machistas, misóginos, e mulheres passivas e submissas e que ao se casaram, ao constituírem uma nova família irão se comportar da maneira que aprenderam em casa, porque mamãe papai ensinaram assim...

Por Maynara Costa

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Controle reprodutivo dos corpos femininos


         As discussões referentes à legalidade da interrupção voluntária da gravidez são imensas e conflituosas, existem inúmeras controvérsias, todavia há avanços em quase todos os países que ponderaram constitucionalmente aos direitos tutelados em questão, ao conceito de vida e dignidade humana, diminuindo assim o número de mulheres mortas por ano em decorrência de aborto feito em más condições.
       Descriminalizar e legalizar o aborto como uma forma de diminuir a violência contra mulher, independente dos princípios de defesa da vida ou os que regem as religiões, pois o aborto é praticado diariamente, mesmo nas margens da ilegalidade, e não dar para simplesmente jogar para de baixo do tapete nossa realidade. A legalização do aborto traria a possibilidade de humanizar e daria tratamentos adequados, não apenas as mulheres com condições financeiras favoráveis, como também para aquelas pobres do meio rural, ou do meio urbano, gerando assim meios decentes e garantias que evitem que mulheres fiquem sequeladas ao optar por interromper uma gravidez inesperada e indesejada.
 As mulheres que defendem o direito de dispor do seu próprio corpo, podendo assim decidir sobre a maternidade de maneira ampla, acabam sendo recriminadas pela sociedade e pela lei, já que rompem com o que a natureza lhes reservou (a maternidade), optando assim por negar o pleno desenvolvimento de um ser totalmente dependente, delas, para torna-se uma vida.
 Diante as regras da natureza, que concerne à fêmea, no caso dos mamíferos, a gestação; então a mulher tem apenas como destino biológico a gravidez. Contudo, a natureza deixou de ser tão importante, pois o ser humano, apesar da sua origem animal, se distância das outras espécies em virtude das suas particularidades, entre elas, em especial, podemos apontar a razão e a linguagem. Então ainda que provido da natureza  o ser humano assume seu estatuto de ser social, determinado culturalmente.
Já para o homem cabe o papel de fecundar a fêmea, prover seus rebentos, garantindo a eles a sobrevivência, de modo a garantir a perpetuação da espécie. Mas, que o macho da espécie, tem-se a expectativa que este é o centro da sociedade patriarcal.
           Contudo, todas as expectativas direcionadas ao homem, como chefe da família, se mostram frustradas e, de certa maneira, tolerada, além, por certo, de nunca enseja criminalização. Ao homem é facultada a escolha entre forma uma família, prover o sustento da criança sem nem ao menos construir um vínculo afetivo com ela, ou apenas abandonar suas parceiras, sem sequer tomar conhecimento do produto da relação sexual.          
           Muitas vezes as mulheres não podem negociar o sexo, ou demonstrar a intenção de se proteger, e isso acaba resultando em uma gravidez indesejada. Naturalmente, as mulheres não engravidam sozinhas, porém só sozinhas que elas são criminalizadas pela prática de aborto, deixando o homem isento de responsabilidade.  O aborto seguro é um procedimento médico que responde a necessidade de saúde específica das mulheres. Ao não permitir tal acesso, os Estados infringem o princípio de não discriminação em razão de gêneros.
             Então, para concluir transcrevemos a seguinte indagação do prof. Túlio Vianna:
“Para os homens, que sempre puderam escolher entre abandonar suas parceiras grávidas ou reconhecer o filho, e para as mulheres ricas, que sempre tiveram o direito de escolha, a criminalização do aborto pode significar uma opção “pró-vida”. Já para as mulheres pobres a descriminalização do aborto não é uma garantia “pró-escolha”, pois o aborto em regra não lhes é uma opção, mas uma necessidade. Para estas milhares de mulheres latino-americanas miseráveis, é a descriminalização do aborto a verdadeira defesa “pró-vida”. (VIANNA, 2006)”

Por Maynara Costa - Um recorte do artigo "Criminalização do aborto um método de controle reprodutivo da mulher" 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Minha genitália pede liberdade!

Vivemos em uma sociedade em que os indivíduos são rotulados pelo seu órgão sexual e pela aparência. Os que não seguem essa normativa são postos a marginalidade.  


Homem tem que ser viril e ter um pau. Mulher tem que ser delicada e ter uma buceta. Homem viril e com buceta ou Mulher delicada com pau é ultraje a sociedade, são anormalidades, são doenças, e tem que ser "curados", tem que ser corrigidos.  Cade a autonomia dos corpos?  Cade minha liberdade de querer ter o que eu quiser entre minhas pernas? Ficou enebriada pelas normas pré-estabelecidas pelo dimorfismo e binarismo da nossa sociedade heteronormativa.



Não a patologização da Transexualidade!

Por Maynara Costa

Somos mulheres e não mercadoria !


Como diria Simone de Beauvoir “Ninguém nasce mulher; torna-se mulher”, à vontade pela igualdade e autonomia do corpo feminino em todas as suas expressões, independente do sexo biológico, não importando o rotulo ao qual o corpo está enquadrado, seja ele biologizado, transmodificado, ou transvestido, deixando apenas como evidência o gênero feminino.
Por serem mulheres, por se “enquadrarem” nos padrões femininos, por se incluírem ao “Sexo Frágil”, por pensar, agir e se vestir de maneira diferente ao seu sexo biológico, não importa a maneira que se é mulher, mas por ser mulher acabam sofrendo agressões machistas-misóginas-sexistas, em casa, no trabalho, nas ruas, e nas salas de aula. 
Quando as mulheres se diferem dos padrões femininos pré-estabelecidos na sociedade patriarcal-machista ao vestir uma roupa curta é taxa de puta, é um atentado a moral e aos bons costumes e isso deve ser combatido com estupro, com violência verbal e física; porque ter pensamentos feministas a tornam “mulher-macho”, mal-amada, “sapatão”; e quando se é lésbica é porque nunca “nunca provou um homem” “nunca passou por ele”, ninguém a quis, ou é doente.
Somos detentoras de autonomia, temos poder de escolha não nos deixemos ser passivadas, somos fortes, somos gente, somos mulheres. E lembre-se: mulher nenhuma é fruta!

Por Maynara Costa